Eu estava bem, sorri o dia todo mas quando cheguei
em casa á noite, liguei o rádio e estava a tocar a nossa música. E aí eu senti-me tão sozinha, tão perdida, tão fraca que desabei. Desabei em
lágrimas, desabei em sentimentos que eu mesma não sabia que existiam em
mim. Como pode ser isso? Num minuto estar bem e noutro cair mais rápido
do que a chuva. Eu senti que estava a desaparecer como a areia da
praia que desaparece das nossas mãos.. Algo me empurrava e pouco a pouco fui
caindo, afundando bem ali, no meu quarto. Eu quis gritar
para ver se a dor que eu sentia acabava, se a dor ficava mais fraca mas não adiantou, nada
adiantava.
Eu chorei, sufoquei-me em palavras, e repetia para mim mesma "isso vai passar" mas quem eu queria enganar? Nunca passava.. Tu tentas
esquecer, convences-te que podes, mas um simples detalhe faz-te questionar sobre a tua felicidade, toda uma dor. E o que eu fiz? Para esquecer não fiz
nada, nunca se pode fazer não é? A cada verso daquela música, a cada
estrofe recordava momentos tão felizes e sublimes que só eu sei o quanto
me fizeram bem..
Hoje, coloco em papeis tudo o que sinto, tudo o que já
vivi e tudo o que aprendi. Não tenho mais medo, não tenho vergonha.
Escrevo para desabafar. Eu desabo nas mesmas
palavras que me sufocavam porém desabo de um jeito que quem está de
fora consegue entender, eles ouvem-me e quando menos esperam saem
repetindo tudo o que falei.
Hoje eu me sinto forte e posso dizer até que
sou feliz. Aprendi a não esconder nada do mundo, ser mais resistente,
não criar expectativas, não apressar as coisas e todos compreendem isso
através de uma simples leitura. Eu realmente não sabia como lidar com a
dor mas estou aprendendo como uma criança que aprende a falar e a andar.. Pouco a pouco, gaguejando, fraquejando, tropeçando e ás vezes até
caindo mas sempre erguendo-me, arriscando mesmo sabendo que pode cair
novamente porque no fim tem sempre alguém para te estender a mão e se
não tiver, há sempre algo que o motiva a seguir em frente
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