Os pais dela chegaram Domingo a casa, viram-na no chão, com uma faca na mão e uma caixa de comprimidos ao lado, os pais não perceberam o porque de tal tragédia ter acontecido, até que encontram um papel:
" Pai, Mãe, desculpem verem -me assim, neste estado, mas não havia uma outra
maneira de acabar com a dor, tentei de tudo, tentei cortar-me para a dor
passar, mas nunca passou.. Vocês viram-me a chorar por meses, mas nunca se importavam
desde que vocês estivessem bem, estava tudo bem, mas não viam o quando eu
sofria.. Mãe, tu só tinhas olhos para a Clarinha, e nem é tua filha, mesmo assim tratava-la como tal
até melhor que a mim.. Enquanto eu me cortava e tu sabias não fazias nada, enquanto a
Clarinha quando não comia o jantar, cá em casa, tu ai fazias questão de a proteger, de lhe dar
comer, de falar com ela.. Meteste-a no meu quarto, mas nem sabes o quanto ela me agredia
as coisas que ela dizia de mim, aqui e lá na escola.. Eu era chamada de Puta, Parva,
Gorda, Estúpida.. Ninguém falava comigo na escola, ninguém me tratava bem, ninguém queria saber
se estava bem, mal.. Eu para eles não tinha sentimentos, era "uma bosta andante", e porquê?
Eu nunca fiz mal a ninguém, sempre a defendi...
Minutos antes, enquanto estava na casa de banho a cortar-me, ela viu.. e riu-se de mim
disse que eu era patética e que fazia tudo para chamar a atenção... Mas agora, sem mim..
Podes dar a atenção toda a ela, tal como fazias, eu era invisível, sempre fui, até para os
meus próprios pais.. E agora? Serei mesmo invisível.
Apesar de tudo, amo-te mãe. "
Sem comentários:
Enviar um comentário